Conciliando arquitetura com agilidade

Arquitetura de Software

A arquitetura de software é uma subárea da engenharia de software, é uma ponte entre os requisitos e o código (implementação). Quando a arquitetura de software é bem implementada, o resultado é um software que satisfaz as principais exigências do projeto, tais como desempenho, confiabilidade, portabilidade, etc. É a arquitetura de software que define, por meio de diagramas e representações gráficas, a estrutura do software, que compreende os componentes com suas propriedades visíveis externamente e os relacionamentos entre eles.

Logo no início do projeto a arquitetura de software deve buscar estabelecer uma plataforma tecnológica e tratar dos requisitos não funcionais. As preocupações a cerca da arquitetura de software deveriam estar presentes desde o início do projeto até o seu término.

Independente do projeto de software, a arquitetura estará presente, seja de modo acidental (quando existe simplesmente pelas decisões de implementação) ou intencional (quando há preocupação com sua elaboração e manutenção).

A linha divisória entre arquitetura e implementação é bastante tênue, basicamente a implementação é a realização da arquitetura e a arquitetura é o projeto da implementação por meio de artefatos de documentação como, por exemplo, diagramas.

Arquitetura de Software versus Agilidade

A agilidade no desenvolvimento de software se caracteriza principalmente por entregas rápidas e frequentes de software, rápidas respostas as mudanças de requisitos e inicio do desenvolvimento antes do total entendimento.

Equipes ágeis tendem a criar e manter pouca documentação em comparação às equipes com processos mais tradicionais. Este é o principal ponto de conflito entre arquitetura de software e agilidade.

Existem alguns mitos na comunidade de desenvolvimento de software a cerca da arquitetura de software e do desenvolvimento ágil que deixam claro quais são os principais pontos de divergência. A tabela 1 lista alguns mitos de agilidade versus arquitetura de software [7].

Mito Quem costuma acreditar nisto Realidade
Arquitetura de software produz “muito papel”. Alguns adeptos de métodos ágeis. O processo de software adotado determina quais documentos são realmente necessários. Comunica-se somente o estritamente necessário.
Arquitetura de software implica em big design up front (intenção de criar todos os modelos no início do projeto). Alguns agilistas e arquitetos. A arquitetura deve respeitar a natureza do método. Em projetos ágeis, a arquitetura do software deve ser evolutiva.
Requisitos arquiteturais não podem mudar a partir de um certo momento. Alguns arquitetos e engenheiros de processos. Métodos ágeis aceitam mudanças a qualquer momento, tendo impacto ou não sobre a arquitetura. O cliente deve sempre estar ciente das consequências de uma mudança de requisito (arquitetural ou não)
Softwares desenvolvidos com métodos ágeis não tem arquitetura. Ignorantes da engenharia de software. Todo software tem uma arquitetura, independente se alguém a projetou intencionalmente ou não.
“Arquiteto de software é somente um novo e pomposo título que programadores pedem para ter em seus cartões.” Projetos ágeis não precisam do arquiteto. Alguns adeptos de métodos ágeis. Vários métodos ágeis prescidem de papéis. Mesmo que ninguém na equipe tenha o papel ou cargo de arquiteto de software, convém planejar a arquitetura.
Toda a arquitetura deve ser modelada no início do projeto. Alguns arquitetos de software. Novamente: o arquiteto deve respeitar a natureza do projeto. Se o método prescreve “prove com código sempre que possível”, é interessante realizar a arquitetura em software executável mesmo que não esteja completamente modelada.
Tabela 1: Mitos sobre agilidade versus arquitetura de software

 

Conciliando Arquitetura de Software com Agilidade

O entendimento da tabela 1 é um ponto de partida para a conciliação da arquitetura de software com agilidade. As ideias apresentadas deixam claro que os pontos de divergência entre arquitetura de software e agilidade são mitos. O problema é o que as pessoas pensam sobre arquitetura de software e métodos ágeis, em muitas pessoas estão enraizadas as ideias de que métodos ágeis dispensam documentação e de que a arquitetura de software é burocrática e exige muita documentação quando na verdade nenhuma destas ideias está correta.

Um dos pensamentos do manifesto ágil é o de que código funcionando é mais importante do que documentação, mas isto não significa que a documentação deve ser eliminada ou ignorada. O ideal é responder a seguinte pergunta antes de sair criando artefatos ou documentos: “Quem vai usar isto? É útil?”.

Em relação à ideia de que arquitetura de software é burocrática, é preciso deixar claro que a arquitetura de software não é um processo de software. É o processo de software adotado no projeto que é responsável por fornecer o caminho dos artefatos que devem ou não ser criados e como utilizá-los.

Sobre métodos ágeis não darem espaço para arquitetura: a arquitetura de software já está presente em projetos que utilizam métodos ágeis, afinal, como foi dito anteriormente, independente do processo utilizado no projeto de software, a arquitetura estará presente, seja de modo acidental (quando existe simplesmente pelas decisões de implementação) ou intencional (quando há preocupação com sua elaboração e manutenção).

Sintetizando a conciliação de arquitetura e agilidade, a arquitetura não pode ser encarada como um processo de software a ponto de ter artefatos e documentos criados sem utilidade, ela deve respeitar o processo, sendo assim, em métodos ágeis a arquitetura deve ser evolutiva, como manda o processo. A arquitetura deve refletir o projeto atual e acolher as mudanças, pois métodos ágeis aceitam mudanças a qualquer momento. E o mais importante é entender que todo software possui uma arquitetura, seja ela intencional ou não, é importante planejar a arquitetura de forma intencional e não transformá-la em um processo.

Arquitetura de software e agilidade tem o potencial de produzir produtos de software de maior qualidade quando conciliadas, pois como a arquitetura de software já existe mesmo que de forma intencional, se houver algum cuidado especial por parte dos membros da equipe em relação à arquitetura, o resultado será um software com uma arquitetura de maior qualidade e de forma ágil.

Referências bibliográficas

[1] SILVEIRA, Paulo, et al. Introdução à Arquitetura e Design de Software: Uma visão sobre a plataforma Java. 1. ed. São Paulo: Editora Campus, 2012.

[2] ROCHA, Allex Motta Melo. Introdução a Arquitetura de Software. Fábrica de Software do CESUPA – Centro Universitário do Pará

[3] FACUNDES, Prof. Marco. Apresentação: Arquitetura de Software, Fundamentos e Tendências.

[4] SANTOS, Prof. MSc. João Paulo. Arquitetura de Software em Equipes Ágeis: Formas de Trabalho em Projetos de Grande Escala.

[5] SANTOS, Rildo F. Apresentação: Engenharia de Software Ágil: SCRUM e FDD.

[6] ULTREMARE, Fernando. Podemos acabar com o papel do arquiteto em projetos ágeis? InfoQ. Disponível em http://www.infoq.com/br/news/2011/09/arquitetos-agile – Último acesso em 16/10/2012

[7] VIGGIANO, Eros. Agilidade versus Arquitetura de Software. Disponível em http://blog.arkhi.com.br/2009/04/13/agilidade-versus-arquitetura-de-software/ – Último acesso em 16/10/2012

[8] BRIZENO, Marcos. O que é Arquitetura Ágil? Disponível em http://brizeno.wordpress.com/2012/04/18/o-que-e-arquitetura-agil/ – último acesso em 16/10/2012

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *